Vamos juntas ou depende?, por Camila São José 3h5e3t

Não adianta surfar na onda dos movimentos feministas para conseguir voto, se na primeira “oportunidade” que tem “dá ré” e joga as palavras descarga abaixo.
Foto: Dicom Câmara Municipal de Camaçari

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Camaçari nunca teve uma mulher eleita prefeita, e na Câmara Municipal dá para contar nos dedos quantas delas ocuparam uma cadeira. Na última eleição, por exemplo, apenas duas conseguiram conquistar uma vaga na Casa. Nas ruas e atos políticos, o discurso é sempre de que precisamos ocupar o nosso espaço na política e que lugar de mulher é onde ela quiser. 45w6f

Bonitas e fortes palavras, eu acredito de verdade. Numa cidade onde o eleitorado feminino representa 54% daqueles aptos a votar, dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), nada mais justo do que a gente também se fazer presente e pense em ser maioria na Casa Legislativa.

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Mas o que quero falar aqui é que não adianta vir com discurso raso e meramente eleitoreiro, surfar na onda dos movimentos feministas para conseguir voto, se na primeira “oportunidade” que tem “dá ré” e joga as palavras descarga abaixo. E por que estou falando disso?

Vocês já devem estar por dentro, mas para quem não acompanhou, vou contextualizar. A vereadora Professora Angélica (PP), única mulher atualmente na Câmara Municipal de Camaçari, trouxe à tona denúncias graves. Ela acusa o vereador Dentinho do Sindicato (PT) de assédio moral e sexual, e racismo. Em repetidas entrevistas, a vereadora segue contando a mesma história, de que tudo começou em abril de 2022, com ameaças por conta de um cheque que o ex-colega de bancada de oposição pensou ser sem fundo. Por fim, ela conseguiu o histórico bancário e fez um boletim de ocorrência na delegacia.

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Depois, recorrentes “brincadeiras” e “piadas” sobre as suas roupas, “pitacos” fashion sobre os seus decotes. Paralelamente, a exigência para que trocasse de cadeira, já que não compunha mais a bancada de oposição e desde março ou a ser uma vereadora governista.

Professora Angélica não procurou a imprensa logo de cara. Primeiro publicou uma nota de repúdio, no mesmo dia em que entregou uma representação contra o vereador na Câmara. De lá para cá são quase 15 dias, e eu te pergunto, cadê as mulheres que fazem política em Camaçari e que se dizem a favor das causas das mulheres? Te respondo: nenhuma delas se pronunciou.

Mas, “ah, Camila, ela é de partido A ou B”, “ela é governo e não da oposição”, “quem tinha que se pronunciar eram as mulheres governistas”, blá blá blá blá. Quem deve se posicionar são as mulheres, pelo simples fato de serem mulheres, e ponto. Não existe lado político agora. O mínimo, mesmo que em caso de dúvidas, seria exigir uma apuração devida do caso.

Eu te digo que, enquanto jornalista desta cidade, e no campo político me identificando à esquerda, pensei em me isentar de opiniões, mas preciso deixar o meu ser mulher falar mais alto e exigir atenção à denúncia, investigação séria, e não panos quentes. Então eu pergunto: cadê Ivana Paula, Ivoneide Caetano, Fafá de Senhorinho, Andréa Montenegro, Viviam Angelim, Cristiane Bacelar, Reni Oliveira, Arlene Rocha, Josilene Cardim, Neurilene Martins, Luiza Maia, Ilay Elery, Janete Ferreira?

Uma nota da prefeitura, bem simples por sinal, não pode representar todas as vozes. Uma nota da Câmara não pode representar todas que por lá já aram e sabem o quão duro é exercer um mandato de vereadora. Em situações nacionais semelhantes, a gente vê boa parte delas se manifestando e enchendo as redes sociais de conteúdo. E por que não o fazer agora? O que impede de colocar o discurso de sororidade na prática? Qual a barreira para fazer valer “o mexeu com uma, mexeu com todas”?

Eu sinceramente não entendo. Essa atitude deslegitima as palavras que proferem e as bandeiras que dizem levantar. “Estamos juntas”, mas depende.

Ou está ou não está. Ou nós nos unimos ou sempre vamos ter que continuar batendo na tecla de que somos poucas. A gente precisa se apegar ao que nos une e aflige: o fato de sermos mulheres. Antes de vereadoras, deputadas, senadoras, professoras, jornalistas, engenheiras, advogadas, seja lá o que for, somos mulheres. E o simples fato de sermos mulheres já nos coloca, infelizmente, em posição inferior em muitos ambientes. É a gente que precisa reafirmar o tempo inteiro que somos capazes de ocupar determinado cargo, que temos habilidade, que precisamos brigar por salários iguais, pelo direito aos nossos corpos, que somos violadas constantemente. Trata-se do coletivo, e não de interesse individual.

Para quem tem o “costume” de desconfiar sempre da vítima antes de qualquer coisa, alguns pontos precisam ser levantados. Como alguém que está mentindo repetiria a mesma história tantas vezes sem alterar fatos? Por que ela sentiria a necessidade de ir até a delegacia registrar um B.O. para comprovar que já havia sustado o cheque? Se a questão é eleitoreira, não acham que ela teria mais a perder do que ganhar enquanto pré-candidata, tendo em vista a sociedade machista em que vivemos? Se ela fosse homem, o colega se acharia no direito de agir dessa forma, seja levantando o tom de voz ou insistindo em retirar o seu nome, mesmo ela tendo pedido que parasse?

A gente precisa parar de normalizar certas atitudes e achar que quando se fala de assédio tudo se limita ao físico, que é muito grave e não foi o caso. Comportamentos machistas partem de um princípio em que se acha confortável e natural levantar o tom de voz para uma mulher, que se pode falar do que ela veste e como se comporta, que é direito interrompê-la e dizer a ela o que é ou não assédio, de rir de “piadas” sem a menor graça, não corrigir o seu amigo quando fala das mulheres “que pegou” como se fossem objetos… e por aí vai, ladeira abaixo.

O que espero de verdade é que em uma Câmara com 20 vereadores homens e uma única mulher essas acusações não sejam tratadas apenas como mais uma e banalizadas. A devida apuração precisa ser feita, as partes ouvidas, as provas reunidas e a medidas cabíveis tomadas. Que esta luta por respeito não seja de uma mulher só.

Vamos juntas ou vamos juntas?

Vamos juntas ou depende?, por Camila São José

Camila São José, mulher negra, mineira de alma baiana, feminista, aprendiz de blogueira e jornalista.

*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor (a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1. 

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