A Federação Partidária é um instrumento de reunião programática de partidos para a atuação unificada nas instâncias de poder. Foi estabelecida pela Lei nº 14.208/2021, substituindo as antigas coligações partidárias, que transformavam as alianças em objeto de barganha por espaço e fundo eleitoral. As coligações partidárias esvaziavam o sentido etiológico dos partidos e comprometiam a sua existência enquanto organizações representativas de estratos da sociedade. n5es
A Federação Partidária possibilita a construção de alianças por organizações com alinhamentos político-ideológicos. Manifesta-se como um antídoto contra o fisiologismo presente no modelo de Coligações Partidárias. A Federação carrega consigo uma série de regras e travas que exigem convicção e debates profundos na sua constituição.
Após a celebração das Federações PSDB-Cidadania, Psol-Rede e PT-PCdoB-Rede, a bola da vez é a União-Progressista, que visa fortalecer a posição dos partidos no âmbito da política nacional. Uma costura nacional que tem trazido desdobramentos em cadeia nos estados e municípios. Neste momento, o ecossistema da política partidária tem se movimentado em fluxos constantes.
Notadamente em Camaçari, os reflexos da Federação atingem diretamente a atuação do vereador Dilson Magalhães, do Progressistas. Desde o fim da eleição, o parlamentar orbita na esfera partidária com uma certa “liberdade”, inclusive com penetração em articulações estaduais. Apesar da oposição declarada do Progressistas ao governo Caetano, Dilson mantém habilmente o apoio ao governo, movido por um círculo de alianças que o mantinha incólume às posições do próprio partido.
No entanto, com o advento da Federação, caso não seja conduzido pelo fluxo das mudanças partidárias, não há de surpreender que o vereador Dilson seja implicado no mesmo circuito de pressões às quais o vereador Ivandel foi submetido até a sua expulsão do União Brasil. Podem ter certeza que os observadores, agentes políticos e partidos políticos terão muito interesse nessa dinâmica de articulação e informação em torno desse novo capítulo da política de Camaçari.
Bruno Evangelista é sociólogo, doutor em Ciências Sociais e servidor público.
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