Apesar das filas quilométricas de carros nos postos de gasolina, as eleições em Camaçari estão chegando ao fim, e a vontade popular por mudanças avança. Os motivos são diversos, mas a carência de um governo que faça a máquina pública funcionar e de direção às instituições é central. Vale lembrar que a família é a primeira instituição, e essas famílias foram abandonadas pelo governo Elinaldo durante a pandemia. Não só pela falta de isolamento social, barreiras sanitárias e ampliação de leitos de UTI, mas principalmente pela ausência de assistência econômica em meio à alta dos preços dos alimentos. 426118
Diante desse cenário de extrema vulnerabilidade, vimos o atual governo local (Elinaldo/Flávio), em sintonia com o então presidente Bolsonaro, explorar o desespero da população para se reeleger. O povo fragilizado, institivamente, escolheu sobreviver, mas não esqueceu a humilhação e chantagem política.
O cenário hoje é bem diferente do que foi em 2020. O eleitorado de Camaçari já sente os efeitos da mudança com o retorno de Lula ao poder. A questão econômica é central. É inegável a articulação entre Lula e Caetano para colocar Camaçari de volta no cenário internacional e garantir a instalação da BYD na cidade, algo que deveria ter sido iniciativa do grupo que governa (Elinaldo/Flávio), especialmente após o fechamento da Ford.
Em vez disso, com o agravamento da crise, a principal alternativa foi o aumento do IPTU e a revisão do PDDU, visando o aumento de impostos, especialmente para os trabalhadores rurais. Tudo isso foi aprovado rapidamente na Câmara, sob o comando de Flávio Matos, então presidente. O projeto, um ataque direto ao povo, foi encaminhado por Elinaldo, mas aprovado por Flávio, aquele que se diz “o novo”. Essas ações orquestradas serão lembradas pelo eleitorado, especialmente em tempos de crise econômica.
Em segundo plano, a retomada das políticas sociais do governo Lula, como o Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e agora o Pé de Meia para estudantes, aproxima Caetano (PT) não apenas dos mais vulneráveis, mas também daqueles que acreditam que direitos básicos devem ser garantidos. Esses programas sociais conectam o eleitor com a ideia de que o governo escolhido cuidará da população. O abandono dessas políticas foi a marca do governo Bolsonaro, e, no dia 6 de outubro, será evidente que a população lembrará quantas vezes Flávio Matos, enquanto presidente da Câmara, rejeitou moções de repúdio a Bolsonaro e trabalhou para reeleger o ex-presidente em 2022. Já imaginou o que seria de nós com Bolsonaro reeleito?
Em terceiro plano, o governo Lula tem direcionado o maior volume de recursos da história para fazedores de cultura e arte. Esse é um tema que movimenta todos nós, não apenas pelo potencial econômico para os profissionais da área, mas também porque a ausência de cultura e arte compromete tanto o presente quanto o futuro. Não há dúvida de que a arte continua sendo uma das principais armas no combate à violência entre a juventude, já que praças, espaços públicos ocupadas com a presença do fazer artístico diminuem a distância, o estranhamento, e aproxima a juventude. Quem aqui não viu a o Afrocidade nascer na Cidade do Saber, tomar as ruas da cidade e avançar mundo afora, fazendo toda a juventude vibrar e sonhar por aqueles que alcançaram seus sonhos e estenderam nossas raízes? E nossos Mestres de capoeira, quantas vidas já salvaram da violência e quantas mais salvariam se sua história, arte e cultura não fossem invisibilizadas? É quase injusto citar alguns diante de tantos artistas e fazedores culturais que, sem incentivo, mudam o mundo a sua volta.
Parte da cidade que hoje caminha com Caetano 13, por ter projetado a Cidade do Saber, sabe que carece de um governo com vontade política e competência istrativa para que os recursos direcionados pelo governo Lula cheguem na cidade. É justamente esse o entrave do governo Elinaldo/Flávio. Para eles, cultura, arte, é implodir um prédio, reconstruí-lo e chamá-lo de cinema, museu ou Centro Histórico sem nenhuma função social. Eles desconhecem a diferença e distância que existe entre o artista e o empreiteiro, mas para o artista que vê o quanto o empreiteiro lucrou com seu ofício nesses últimos anos, o joio do trigo será facilmente separado no próximo domingo (6).
Por falar em empreiteiras, imagine só o que seriam mais quatro anos de Flávio/Elinaldo? Um grupo político que não conseguiu sequer inaugurar suas obras na boca da urna, como bem pretendiam, prova cabal de incompetência eleitoral. Elinaldo e seu grupo chegam ao fim da maneira que começaram: prometendo tudo, não concretizando nada, em um cruzamento bizarro entre má vontade política e incompetência istrativa. Por isso avança a vontade popular, com Caetano 13, para Camaçari mudar!
Igor Oliveira é professor da rede estadual, agitador do Quilombo Urbano e militante do PSOL em Camaçari.
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