O 7 de setembro é a data em que nós brasileiros vamos às ruas comemorar a declaração da Independência do Brasil do império português, consolidada em 1822. Ano a ano, atos de exaltação do patriotismo, do nacionalismo e de protestos são realizados no nosso país, e é claro que em 2021 não seria diferente. 19r1m
Neste último dia 7, o Brasil foi palco de duas grandes mobilizações nacionais. De um lado, a mobilização do Grito dos Excluídos, movimento que acontece há 27 anos, organizado por grupos sociais, sindicais, estudantis, de trabalhadores do campo e diversas entidades. Do outro lado, a mobilização dos apoiadores do atual presidente da República, Jair Bolsonaro. Por falar no presidente, este foi responsável por , na véspera do ato do dia 7, uma medida provisória alterando os efeitos do Marco Regulatório da Internet, promovendo o disparo de fake news.
Em um país tomado pela divisão política desde as eleições de 2018, sem dúvidas esse dia 7 entrou para a história como o dia em que manifestações em defesa do Brasil foram completamente distintas, a ponto de gerar uma grande dúvida na cabeça das pessoas: “de qual Brasil estamos falando?”.
Trata-se de um país com mais de 584 mil mortes por conta do Covid-19, país marcado pelo atraso na compra de vacinas e pelo estímulo ao tratamento precoce da doença através de remédios sem comprovação de eficácia. País da fila do osso, da alta da conta de luz, da disparada do valor da cesta básica, dos quase 15 milhões de desempregados, da gasolina de R$ 7 e da volta ao mapa internacional da fome… O que se manifestar em um dia tão importante, a independência ou a morte?
Pois bem, se de um lado o Grito dos Excluídos ocupava o centro das grandes capitais, pedindo comida no prato do povo brasileiro, pedindo vacinas, lutando pela democracia, respeito às instituições democráticas e à Constituição, do outro, apoiadores do presidente gritavam por uma intervenção militar, pelo fechamento do STF, do Congresso Nacional, como se este não fosse o responsável pelo Brasil de tantas mortes.
Kaique Ara é professor de História e mestrando em Estado, Governo e Políticas Públicas.
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