Indicações de livros, filmes, séries, documentários, álbuns musicais, músicas e artistas: essa é a proposta da nova coluna mensal do Destaque1. Ao final de cada mês, elencaremos alguns dos livros que nós, da Redação, estamos lendo, músicas que estamos ouvindo e o que tem ado pelas nossas telas ao longo do mês. 631s6a
O intuito é compartilhar com os leitores um pouco do que tem ado pelo nosso filtro. Obras que nos tocaram, provocaram ou simplesmente fizeram companhia nos dias corridos. Nesta curadoria afetiva, você vai encontrar de tudo um pouco: clássicos revisitados, descobertas recentes, produções que merecem ser vistas com calma e outras que encantam à primeira escuta.
Neste mês de maio, o Dia das Mães nos inspirou a buscar a trilha sonora para dar o tom dos nove meses de gestação, e, com sorte, também dos primeiros anos de vida dos pequenos. Nada impede, no entanto, que a playlist entre no repeat diário de qualquer adulto nostálgico ou curioso.
Na sequência, selecionamos uma ficção nacional que resgata o sentimento de pertencimento, necessidade de olhar para si e valorizar a história e tradições brasileiras.
Por fim, uma obra nacional de 2020 volta aos nossos holofotes, mesmo sem um desfecho, pelo impacto que ainda causa com a estética marcante e os temas que continuam reverberando: juventude, conservadorismo e os dilemas de crescer em tempos digitais. Entre sons, telas e páginas, este é um convite ao nosso compilado de maio.
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Por volta da 23ª semana de gestação, o feto descobre o mundo através do primeiro dos sentidos: a audição. Ainda no útero, começa a captar sons, sentir vibrações, distinguir ritmos. Já no oitavo mês, é capaz de reconhecer vozes e melodias familiares. Nesse intervalo, é comum ver famílias empenhadas em criar um ambiente sonoro de aconchego. Conversam com a barriga, colocam músicas suaves, tentam acalmar, desde cedo, o novo coração que bate entre eles.
É nesse como de afeto que surge a proposta da Sweet Little Band: transformar grandes sucessos da música mundial em canções de ninar. Bob Marley, Madonna, Taylor Swift, Coldplay, Queen: todos ganham novas roupagens em arranjos instrumentais delicados, pensados especialmente para embalar o sono dos pequenos. As batidas marcantes de um rock, os graves de um reggae, os sintetizadores do pop se suavizam até caber no ouvido de um bebê.
Com mais de 150 mil ouvintes mensais no Spotify, a banda soma impressionantes 348 álbuns, cada um dedicado a um artista ou banda diferente. A discografia é vasta e surpreendente: há versões em miniatura de Metallica e de Glee, de Rihanna à Bossa Nova.
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“A vida é feita de palavras, elas explicam e fazem nascer e morrer. Se ninguém pronuncia um nome, este ser está morto, mesmo que respire e leve um coração batendo no peito. Estar vivo é ser palavra na boca de alguém”.
Imagine ser acordada por pessoas completamente desconhecidas, em um país diferente do seu, sem nenhuma lembrança sobre o seu ado, sequer sabendo seu próprio nome. Ainda que a névoa que embace o seu ado dê espaço à dúvida, é ela quem guiará os próximos os de Aparecida, protagonista do livro “Oração para Desaparecer” (2023), de Socorro Acioli.
Cida, como a a ser chamada, é resgatada por um casal de portugueses, cuja missão é acolher pessoas que misteriosamente voltam do limbo da morte, como uma espécie de segunda chance. A mulher é desenterrada de um jardim em uma aldeia em Portugal, e a única pista que tem do seu ado é o seu sotaque brasileiro, lapsos de memória que aparecem em sonhos periódicos e o trecho de uma música que tem na ponta da língua.
Em uma aventura que mistura amor, busca pelas raízes e o chamado da ancestralidade, Cida retorna ao seu país de origem para entender o seu ado e decidir os rumos do seu futuro. Agora, com uma vida estruturada e a possibilidade de seguir em frente, a redescoberta da sua identidade acaba levando a protagonista de volta para um lugar de onde sua família gostaria que nunca tivesse saído, mas de onde foi forçada a desaparecer.
“Não sabemos nada mesmo sobre o mundo, olhamos o mar na mais absoluta ignorância, enxergando as ondas e nada mais, porque há sempre muito mais nas profundezas de tudo, mas só o tempo e a coragem nos levam até lá. É só no profundo de tudo que se esconde a verdade. E a verdade do mar é que não há vida sem perigo”. – Socorro Acioli, em “Oração Para Desaparecer”.

O livro foi finalista no Prêmio Jabuti 2024, mais tradicional premiação literária brasileira, na categoria Romance Literário. Mesmo antes do seu lançamento, em novembro de 2023, a escritora já havia vendido os direitos para uma adaptação cinematográfica. A Maia Produções será responsável pelo filme, que será estrelado pela atriz Alice Carvalho. Ainda não há previsão para o lançamento da obra.
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“Homem com H“, cinebiografia da vida de Ney Matogrosso, chegou aos cinemas no início do mês. Com a interpretação brilhante de Jesuíta Barbosa, o filme narra desde a infância da vida do cantor até a sua carreira consolidada, através da ótica do cineasta Esmir Filho. Cineasta responsável pela direção e roteirização, ele tem no portfólio diversas exibições e premiações internacionais com seus curtas-metragens.
Sua estreia no mainstream foi em 2020, com a série “Boca a Boca”, distribuída pela Netflix. Ainda que tenha sido cancelado na primeira temporada, o seriado expõe dilemas importantes da adolescência, como repressão sexual, conservadorismo, uso de drogas e o impacto das redes sociais na vida dos jovens. A trama se a em uma cidade fictícia, no interior do Brasil, onde um misterioso surto de uma doença transmitida pelo beijo começa a se espalhar entre adolescentes. Enquanto o pânico se instala na comunidade, segredos vêm à tona, e a juventude local se vê forçada a lidar com descobertas sobre si mesma, os pais e a sociedade em que vive.
A estética da série chama atenção pelo visual moderno e expressivo. Com luzes neon, enquadramentos ousados e uma trilha sonora atual, a série traduz visualmente as angústias da juventude. O contraste entre o cenário rural e a linguagem pop reforça o clima de tensão e deslocamento vivido pelos personagens. A classificação indicativa é de +16 anos.
Assista ao trailer:

*A coluna de indicações é um quadro mensal do portal Destaque1, que pretende repercutir produtos audiovisuais, musicais e literários consumidos pela Redação.
Isabella Mota é graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), editora no Destaque1 e apaixonada por boas histórias, sejam elas contadas em livros, nas telas da TV, no cinema ou em uma boa playlist.